VOCÊ PERDEU A SUA MIUDEZA?
(Leia o post ouvindo essa música)
“Você não é a mesma de antes você era muito mais muitais, você perdeu sua muitesa!” (Chapeleiro Maluco)
Esses dias eu estava de folga (aleluia!) e me deparei com algo realmente bom. Mas bom mesmo, sabe? Foi uma sensação que esfriou a coluna e me levou a dez anos atrás. E lá estava eu: pés descalços tocando a terra molhada da chuva.
Sorrir era fácil para quem já estava todo molhado. Viver era fácil pra quem já estava descalço. Descalço e despido. Despido e desnudado. Desvestido de pecados, de certezas, de preconceitos e de avarezas. Era tão bom ser assim: menino do mato.
E toda essa nostalgia me faz pensar: por onde anda minha miudeza?
Eu dava muito mais valor às coisas ‘insignificantemente’ especiais. Eu sabia utilizar meu tempo para momentos que realmente me faziam feliz e geravam boas lembranças.
Pensar era muito mais fácil, já que eu tinha coragem em cada fio do meu cabelo para tomar todas as decisões sem me preocupar com o futuro. É como que se intrinsecamente eu já soubesse que predize-lo é realmente uma tarefa inalcançável. Eu não queria ser feliz, eu era feliz. Uma felicidade gratuita e genuína que eu encontrava nos brinquedos desmontados e nunca consertados. Um mundo de miudezas infinitas.
Agora eu volto do meu passado e me pergunto se o ‘menino do mato’ se agradaria do menino dos casos, do desventurado e do complicado.
Deixei muitos amores passarem por ter sido grande demais para eles. Por ter sido racional demais para eles. Por não ter visto como era singelo e significante aquele momento. Por não entender o quanto amável eu poderia ser. Eu quis ser grande, muito grande. O maior que eu poderia ser. E fui, e sou. E o que sobrou?
Nunca perdi minha miudeza, só esqueci que a tinha.
Lembre-se da sua…